segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Sociedade romana

     Uma das características da sociedade romana era a normalidade com que se encarava a nudez, não sendo motivo de qualquer tipo de sentimento de vergonha e também a aceitação, dentro de certos parâmetros, de relações homossexuais: “Não se estabelece distinção entre amor homossexual e amor heterossexual; o prazer físico é visto como uma continuidade subjacente entre os dois. O prazer enquanto tal não coloca nenhum problema para o moralista de classe superior. Em compensação, julga-se, e muito severamente, o efeito que tal prazer pode exercer sobre o comportamento público e as relações sociais do homem: a vergonha que pode levar um homem das classes superiores a submeter-se ou fisicamente, adotando uma posição passiva no ato sexual, ou moralmente, entregando-se a um inferior de qualquer sexo.” (Ariès, Duby. 1995:232)

   Como se pode verificar pela citação, não existia a distinção que atualmente se faz entre a homossexualidade e a heterossexualidade, sendo normal para os homens ter sexo com outros homens. A homossexualidade feminina era mal vista. No entanto, apesar de ser aceito o sexo entre dois homens, existiam algumas regras a definir como tal poderia acontecer. Em primeiro lugar, os homens livres não podiam ser penetrados, apenas penetrar, existia uma lei a regulamentar esta situação, devendo sempre, portanto, tomar o papel ativo nas relações. Outra das regras ou limitações relativas às relações entre dois homens era que o membro mais novo, ou eromenos, tomasse o papel passivo, enquanto que o membro mais velho, ou erastes, tomasse o papel ativo. Estas regras deviam-se principalmente à crença de que apenas o interveniente ativo na relação conseguiria tirar prazer desta, estando quem tomava o papel passivo a submeter-se ao outro, algo impensável para um romano “decente” fazer.

    Apesar de mal vistos pela sociedade existem casos documentados de erastes e mesmo de Imperadores que preferiam o papel passivo nas suas relações com outros homens, escravos ou não. Da mesma forma que a submissão em relação a outro homem era mal vista pela sociedade também o era em relação a uma mulher. As mulheres na sociedade romana eram vistas como inferiores aos homens livres, possuindo muito poucos direitos e os deveres de esposa (dona de casa) e de mãe (procriação). Como tal seria impensável a um romano “decente” preocupar-se em proporcionar prazer a sua mulher ou parceira, uma vez que esta preocupação demonstraria um sinal de submissão, de fraqueza, de imaturidade; as paixões arrebatantes eram características dos jovens, inexperientes e ingênuos, sendo alvo de críticas e embaraço quando em adultos.

    Uma das práticas mais amplamente aceitas na sociedade romana, e na atualidade é considerada tabu, era a masturbação. Para os romanos a masturbação era algo perfeitamente natural, não sendo alvo de nenhum tipo de crítica.

    Na Roma antiga as prostitutas eram registradas e pagavam impostos. Regra geral usavam cabelos loiros ou vermelhos, vestiam-se com tecidos floridos ou transparentes, não podendo, por lei, usar nem estola nem a cor violeta, características das mulheres livres. O local mais comum de trabalho era sob os arcos arquitetônicos; a palavra fornicação vem do latim fornice, que significa arco.

   Nos primórdios da sociedade romana era comum o marido evitar o sexo vaginal e em vez dele optar pelo sexo anal como forma de respeitar a natural timidez de sua esposa virgem. Era naturalmente aceita de que o sexo apenas se deveria fazer após o pôr do sol, durante a noite, de preferência na penumbra. O sexo durante o dia era um privilégio dos recém-casados, logo após as núpcias. Um homem honesto apenas poderia visualizar a nudez da esposa caso a lua a iluminasse através da janela. Para as mulheres honestas de Roma o sexo teria ser feito com algum tipo de roupa, normalmente sutiã. Apenas as prostitutas faziam sexo nuas. Era proibido para os romanos fazerem sexo com mulheres casadas, virgem de famílias importantes, adolescentes filhas de casais livres, vestais (virgens devotas à deusa Vesta) ou a própria irmã. Durante o dia, até o cair da noite, eram permitidas as carícias, mas apenas se feitas com a mão esquerda. Era comum pensar-se que sexo com meninos proporcionava um prazer tranquilo, que não agitava a alma, enquanto que a paixão por mulheres era considerada um mergulho na escravidão. Na Roma antiga a paixão era encarada como algo vergonhoso, algo temível. Quando um romano se apaixonava perdidamente, tanto os seus amigos quanto ele mesmo consideravam que moralmente tinha caído na escravidão ou que perdera a cabeça por excesso de sensualidade.

    Apesar de toda a liberdade relativa à sexualidade e ao sexo em particular, este era praticado com moderação e regras, sendo um meio para um fim e não um fim em si mesmo: o sexo servia para alcançar o prazer mas devia ser praticado de forma regrada para que a paz interior do indivíduo não fosse perturbada.

    Com o passar do tempo a religião católica foi sendo implementada na sociedade e as práticas liberais romana foram tendendo ao desaparecimento em prol da moralidade cristã, muito mais fechada e rígida com as questões relacionadas com a sexualidade.

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